A grandiosidade do Bom Pastor consiste em ser Pequeno

Grandiosidade! Manifestações sensacionalistas provocadas pelas estruturas audiovisuais, sucesso, poder, dominações, fantasias e virtualidade. Características que compõem o cenário do mundo atual. A realidade parece não comportar dificuldades. Tudo é epifania da grandeza.

Mas, a vida é feita de desafios e, não são resolvidos os problemas que se lhe apresentam, em um simples toque dos aparelhos eletrotécnicos. Os desafios da vida exigem atenção, concentração, compreensão, coração humano e coração divino.

Interessante! Mesmo diante desse contexto, Deus continua manifestando-se, dizendo de si mesmo e entregando-se totalmente, por amor, através da pequenez. O verdadeiramente grandioso faz-se constante e sensacionalmente pequeno.

Quem hoje atribui valor ao pastor de rebanhos? Que jovem ou criança conhece esse sujeito zeloso da realidade campestre? E, com pequenez em si mesmo, Jesus apresenta-se: Eu sou o Bom Pastor (Jo 10,11a). Não qualquer pastor, mas revela-se com o atributo de Bom. Só Deus é Bom (Mc 10,18 ). Entretanto, Jesus é o Deus-Pastor, que dá a vida por suas ovelhas (Jo 10,11b). O Bom Pastor, com sua vida, ensina-nos que a bondade desarma[1].

O pastor traz na profundidade do seu coração as virtudes da paciência, da atenção redobrada, do cuidado cheio de zelo, ternura, amor e dedicação para com suas ovelhas. O pastor orienta, com seu cajado, o caminho a ser seguido. Ele vai atrás da ovelha desviada e a re-coloca no caminho.  Ele se inclina e, toma em seu colo, a ovelha machucada, ferida, mal-tratada física, psíquica e sentimentalmente. Enfim, o pastor interessa-se por sua ovelha. Deseja que atinja sua finalidade, sua plenitude. Está sempre reconstituindo o coração, sede da vida, para que sua ovelha seja feliz. Portanto, o pastor é homem de comprovadas e provadas virtudes. Homem da tranqüilidade do campo.

Contemplando o ícone de Jesus, o Bom Pastor, experimentamos Deus tremendamente apaixonado pelos seres humanos. Jesus perdoa os pecados de suas ovelhas: Ninguém te condenou? Nem eu te condeno! Vais e não tornes a pecar! (Jo 8,11). Jesus toca os enfermos, os deficientes, cura os paralíticos, devolve a visão, a audição, expulsa os espíritos maus e, sobretudo, reintegra cada pessoa na sociedade e comunidade religiosa. O toque, a cura de Jesus é reconstituição do coração ferido, marcado pela exclusão e pela ideologia de ser esquecido por Deus. Jesus, o Bom Pastor, interessando-se, zelando, cuidando, depositando sua dedicação, ternura e amor e, orientando as suas ovelhas, é presença motivadora de Deus. Com isso, o Bom Pastor, tomando a ovelha em seu colo e, carregando-a em seu ombro, a faz perceber a  presença de Deus em todo o seu ser e, principalmente em seu coração. O Bom Pastor, imagem da pequenez e da tranqüilidade, entrega a sua vida para que a ovelha viva abundantemente. Isso se dá, porque o Bom pastor oferta seu todo humano e divino.

Vocação! Desafio de pastorear bem as ovelhas! Pais e mães, bispos, padres, religiosos (as), leigos comprometidos, seminaristas... Todos somos o sacramento de Cristo Bom Pastor! Pastoreamos bem, quando ofertamos nosso coração às amadas ovelhas. Por mais difíceis que elas sejam ou por piores os caminhos em que estejam, é do nosso coração que elas necessitam. Cuidemos de nossa vocação para que nossas ovelhas sejam humanamente felizes em Deus.
 
O Bom Pastor, Jesus, o Cristo, nos faz experimentar o ...Eis que vos tatuei na palma de minha mão... (Is 49,15-16). Nós, pela nossa vocação e missão, somos convocados a fazer nossas ovelhas experimentar o cuidado de Deus!  
    
Pe. Valdair Aparecido Rodrigues
Reitor do Seminário de Jales


[1] Cf. Dom Luciano Mendes de Almeida por ocasião de uma bênção realizada em um apartamento em Belo Horizonte onde localiza-se uma Fraternidade de Seminaristas Diocesanos que estudam na FAJE. 

Dom Demétrio, nosso bispo (de Jales) e presidente da Cáritas Brasileira, fala na coletiva de imprensa da 49ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil

Ele fala a respeito do Código Florestal que tramita no Congresso Nacional!!!
Confira na integra a matéria que foi publicada no site da CNBB:


49ª AG: Bispo de Jales defende que novo Código Florestal deve ter aplicações diferenciadas para cada bioma do Brasil 



“Se há um assunto que precisa ser bem pensado é o Código Florestal brasileiro. Ele implica com o meio ambiente. Mas implica também com a viabilidade da agricultura. E em decorrência, com a produção de alimentos e com a sobrevivência de milhões de agricultores”. Esta é uma frase do texto escrito pelo bispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira, dom Demétrio Valentini, a respeito do Código Florestal que tramita no Congresso Nacional. Ele, juntamente com o arcebispo emérito de São Paulo (SP) e ex-prefeito da Congregação para o Clero, cardeal dom Cláudio Hummes e o arcebispo de Olinda e Recife (PE), dom Antônio Fernando Saburido, foram os convidados a participar da coletiva de imprensa, que se realizou na tarde de hoje, 9, na cidade de Aparecida (SP).

Segundo dom Demétrio Valentini, a abordagem a este assunto [Código Florestal] requer equilíbrio e bom senso. “O debate em torno das mudanças a serem introduzidas no novo Código Florestal exigem competência e responsabilidade. É necessário levar em conta o conhecimento científico e as advertências da ecologia sobre a preservação do meio ambiente, mas é preciso igualmente levar em conta os grandes avanços tecnológicos da agricultura, que possibilitam agora colocar em outros termos a prevenção ambiental”.

Ainda falando do Código Florestal, dom Demétrio afirmou que o mais difícil será conciliar os objetivos dos grandes latifundiários, dos ambientalistas e dos pequenos proprietários de terras. “O Código Florestal não pode se abrigar debaixo de uma bandeira única. Seja ela bandeira dos ecologistas, ou bandeira do agronegócio, ou a bandeira dos agricultores familiares. Ele precisa atender ao mesmo tempo a todas as demandas legítimas dos diversos reclamos que devem encontrar audiência num novo Código Floresta, que leve em consideração o conjunto dos aspectos a serem devidamente contemplados”, afirmou.

Segundo o bispo de Jales, o Código deve levar em conta os diferentes biomas e os diferentes tipos de solo existentes no território brasileiro. “Um Código Florestal sábio e adequado precisa ter como ponto de partida esta diversidade, que não pode ser impunemente padronizada. Precisa ser um código que comporte adequações e averiguações de circunstâncias. O assunto tem semelhança com os biomas. O retrocesso real seria agora algo que ignore esta diversidade”.

Para o bispo, o “fiel da balança” será o Governo federal. “Eu até faço um apelo ao Governo, dependendo de como a lei será votada e a presidente da República tem a capacidade, possibilidade e a responsabilidade de vetar algum ponto, dado as graves consequências que podem advir de decisões equivocadas, caberá a Presidência da República vetar parte da lei”, destacou dom Demétrio.

“A preservação do meio ambiente é de interesse de todos, de todo agricultor, e a riqueza maior do agricultor é a terra que ele trabalha preservar essa terra é interesse da agricultura, por isso esperamos um código que haja proteção ambiental, com destaque muito forte para a preservação da Floresta Amazônica, preservar ainda o que resta da Mata Atlântica, um código que tenha aplicações diferenciadas para cada bioma do Brasil, que leve em conta os avanços tecnológicos da agricultura e que viabilize toda agricultura, principalmente a familiar”, sintetizou o bispo de Jales, dom Demétrio Valentini.

Fotos

Seminaristas.

CARTA ABERTA A DOM DEMÉTRIO

Querido dom Demétrio
Quero publicamente agradecer-lhe as suas palavras esclarecedoras sobre a manipulação da religião católica no final da campanha eleitoral pela difusão  de uma mensagem dos três bispos da comissão representativa do regional Sul I da CNBB condenando a candidata do atual governo e proibindo que os católicos votem nela. Graças ao senhor, sabemos que essa divulgação do documento da diretoria de Sul 1 não foi expressão da vontade da CNBB, mas contraria a decisão tomada pela CNBB na sua ultima assembléia geral, já que esta tinha decidido que os bispos não iam intervir nas eleições. Sabemos agora que o documento dos bispos da diretoria do regional Sul 1 foi divulgado no final de agosto, e durante quase um mês permaneceu ignorado pela imensa maioria do povo brasileiro.